Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), problemas psicológicos, decorrentes do risco da atividade, são a segunda causa de afastamento dos policiais militares no Brasil
Com as mortes do sargento reformado Arginoel José da Silva Junior, 35 anos, e a soldado Sara Reis dos Santos, 31 anos, alvejados com mais de 30 tiros na noite da última quarta-feira, 23, chegou a 83 o números de policiais militares assassinados na Bahia desde o ano de 2008, segundo os dados oficiais. Tentativas de assaltos, emboscadas, mortos em serviço, no momento da folga, por envolvimento com a criminalidade ou apenas por integrar a corporação, são alguns dos motivos dos homicídios. Somente nos três primeiros meses deste ano, cinco PMs morreram vítimas de disparo de arma de fogo.
Arginoel e Sara foram mortos dentro do carro em um lava jato, próximo ao Estádio Manoel Barradas, o Barradão, depois de serem perseguidos por homens armados que estavam em dois veículos, de acordo com testemunhas. Segundo as primeiras investigações, o sargento reformado era o alvo dos bandidos e morreu no local, enquanto a soldado chegou a ser levada para um hospital, mas também não resistiu.
Dentro do carro, foi encontrado, sem ferimentos, um garoto de nove anos, provavelmente filho dos policiais. Em nota oficial, a Polícia Militar informou que o sargento já havia sido preso em flagrante em julho de 2008, por tráfico de drogas, e respondia a processo na 4ª Vara da Justiça Criminal por tráfico, e na 1ª Vara do Tribunal de Júri por crime contra a vida.
Também esta semana, na terça, 22, o soldado João dos Santos Rodrigues, 44 anos, foi morto durante uma tentativa de assalto no bairro da Liberdade (área de baixa renda, a mais populosa de Salvador). O policial estava dentro de um carro Prisma de cor preta, quando foi surpreendido pelos ladrões.
Na segunda, 21, o soldado PM Edvaldo Santos de Jesus, 45 anos, escapou por milagre da morte, ao ser atingido por uma bala no olho esquerdo, quando participava de uma operação de combate ao tráfico de drogas no bairro de Nordeste de Amaralina (localidade com os mais altos índices de violência da capital baiana). O tiro foi deflagrado do alto, provavelmente do segundo pavimento de uma das casas da região.
Medo - A média de dois PMs assassinados/mês, reflete o risco enfrentado pelos servidores públicos todos os dias nas ruas da Bahia. Para um soldado da PM na ativa, que prefere não revelar o nome temendo represálias, as ações vem se tornando cada vez mais perigosas ao longo dos anos. “Nos arriscamos nas ruas, somos vítimas e ainda somos tratados como marginais pela Justiça. Já fui baleado numa operação e ainda respondo por reagir e matar aquele quem me atingiu no abdomen”, desabafou.
O tenente-coronel, André Baqueiro, coordenador do Serviço de Comunicação da PM, afirmou que algumas ações já foram adotadas para aumentar a segurança de militares. “Os módulos policiais estão sendo desativados. Não somente por causa da fragilidade da segurança no interior dos módulos, mas também porque oferecem um serviço menos eficaz que viaturas em ronda”, explicou o tenente-coronel.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), problemas psicológicos, decorrentes do risco da atividade, são a segunda causa de afastamento dos policiais militares no Brasil. O major Anildo Rocha Baptista, coordenador do Serviço de Valorização Profissional (Sevep), diz que o comando está atento ao problema.
“O núcleo de psicologia da PM foi reforçado e em abril deve iniciar um debate para discutir a origem do transtorno entre os baianos”, alertou. O major acrescentou que, em 2009, 46 policiais morreram fora e em serviço, vítimas de mortes violentas e por doenças.
“Deles, nove foram beneficiados com o seguro”, afirmou. O seguro para policiais que vitimados em serviço é de R$ 30 mil. “As famílias ainda tem direito, além da pensão do INSS, uma pensão especial (no valor da pensão do INSS)”, explicou. O policial ainda é promovido pós-morte e os filhos ainda tem direito a vaga no Colégio da PM e a quitação da casa própria pelo Estado.
Para o coordenador do Associação dos Praças e Policiais Militares do Estado da Bahia, o sargento Agnaldo Pinto, falhas no sistema de penalização dos criminosos vem contribuindo para a violência contra policiais. “Os marginais ganharam corpo, acham que podem fazer tudo porque a Justiça parece só penalizar os militares. Não existe direitos humanos para policiais só para bandidos”, lamentou.
De acordo com o coordenador, o número de policiais feridos em ação desde de 2008 pode ser mair do que o dobro do total de mortos. “Não temos isso contabilizado mas muitos de nós estão em cadeiras de rodas, cegos e aleijados em cumprimento do dever legal”, disparou. As informações são do a Tarde
Fonte:
http://www.acordacidade.com.br/noticias/73612/bahia-teve-83-pms-assassinados-desde-2008.html