Segundo o TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo), Antonio Carlos Atella Ferreira, o técnico em contabilidade que pegou dados de Verônica Serra - filha do presidenciável tucano - junto à Receita Federal de Santo André com procuração falsa, foi filiado ao PT e hoje sua situação é indefinida no partido.
O nome de Atella é assinado em procuração de 29 de setembro do ano passado, utilizada para obter cópia dos impostos de renda de Verônica. Na ocasião, ela ainda era filiado ao PT de Mauá, já que sua ficha de inscrição da legenda data de 20 outubro de 2003. A data de exclusão da sigla é 21 de novembro de 2009. Atualmente, o técnico aparece no TRE como excluído, o que não significa desfiliação, mas sim a acusação de alguma informação divergente que o PT não corrigiu.
A data de exclusão apontada pelo Tribunal Regional Eleitoral é de menos de dois meses depois da violação do sigilo da filha de José Serra. Ao Jornal Nacional, da rede Globo, na quinta-feira, Atella negou que era filiado a qualquer agremiação. REPERCUSSÃOOntem, em evento de comemoração de 30 anos do PT de São Bernardo, petistas desconversaram sobre o assunto e "comemoraram" que Atella não é mais filiado ao partido. "É seguramente uma pessoa que saiu tarde do PT e que nunca deveria ter entrado", afirmou o prefeito da cidade, Luiz Marinho (PT), coordenador das campanhas da legenda na região.
Na mesma linha seguiu o candidato do PT ao governo, o senador Aloizio Mercadante. "Acho bom que ele tenha saído porque com quatro CPFs e 20 cheques sem fundo, é ruim tê-lo no partido", frisou.
A deputada estadual Ana do Carmo (PT), que concorre à reeleição, lançou dúvida sobre as acusações, mesmo com filiado da sigla diretamente envolvido na quebra do sigilo de Verônica Serra. "A Dilma (Roussef, candidata do governo à Presidência) está muito bem nas pesquisas. Pode ser alguém da oposição querendo derrubá-la", declarou, lembrando que oposição não significa necessariamente os tucanos. "Não é só o PSDB. E por isso é necessário se apurar o crime", disse.
Já o deputado federal Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT), que disputa vaga na Câmara dos Deputados, desconversou sobre o assunto. "O partido tem um milhão de filiados. Entram e saem vários, não tenho nem o que comentar", esquivou-se. O petista disse, ainda, que desistiu de entrar com ação contra o ex-sindicalista Wagner Cinchetto que o acusou de formar uma quadrilha dentro do PT para elaborar dossiês. "É uma mentira tão grotesca, que não precisa de resposta, ela não tem força nenhuma", garantiu.
Para o candidato a vice na chapa de Dilma Rousseff, Michel Temer (PMDB), o importante é separar o crime das eleições. "O grave na história não é o aspecto eleitoral que querem dar.É a quebra do sigilo de centenas de pessoas", afirmou.
O vice-prefeito de Mauá, Paulo Eugênio (PT), sócio de escritório de contabilidade com o vereador Paulo Suares (PT), diz que mesmo sendo do ramo nunca ouviu falar "desse cidadão". "Quando soube da notícia, solicitei ao partido a listagem dos filiados. Mas não consta no levantamento de abril deste ano. Mas solicitamos levantamento apurado para saber se ele foi dos quadros do partido na cidade."
Mantega admite quebra de sigilos ‘muito maior''Além de desvincular a quebra de sigilos na Receita Federal com a campanha eleitoral deste ano, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu que não foi apenas o sigilo de algumas pessoas com vinculações políticas que foi quebrado.
Sem quantificar este universo, ele revelou: "Na verdade, não foi só o sigilo de algumas pessoas com vinculações partidárias que foi quebrado. Foi um número muito maior. Portanto, isso tem que ser investigado e está sendo investigado por uma comissão de sindicância com toda serenidade possível."
Em entrevista coletiva em São Paulo, o ministro voltou a dizer que não há sistema inviolável. "Outro dia, aqui no centro de São Paulo, você podia comprar disquete até com informações de bancos privados, portanto, não é fácil, mas nós temos que nos aperfeiçoar."
Ele disse já ter recomendado à Receita Federal que mude o seu sistema de segurança. "Nós vamos aperfeiçoar (o sistema) para dar mais segurança aos contribuintes."
Mantega disse também que vazamentos já ocorreram no passado. "Quando isso ocorre, a gente detecta o vazamento, coíbe, pune e muda o sistema." O ministro, porém, lamentou: "Infelizmente os contraventores acham uma forma de furar o sistema."POLÍCIA CIVIL O Palácio dos Bandeirantes colocou ontem a Polícia Civil de São Paulo na investigação sobre a fraude de que a empresária Verônica Allende Serra, filha do presidenciável tucano José Serra, foi vítima. A medida foi tomada menos de 24 horas depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinar à Polícia Federal rapidez na apuração do caso. Com uma procuração falsa, um contador obteve cópias de declarações de renda de Verônica.
A decisão de colocar policiais civis no encalço dos falsários foi tomada pelo Secretário da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto. O objetivo é desbaratar a quadrilha responsável pela falsificação do documento e pela falsidade ideológica, crimes de competência estadual.
A iniciativa de Ferreira Pinto teve o apoio do governador Alberto Goldman (PSDB), que estava preocupado em garantir o máximo de celeridade e rigor na apuração do escândalo.Ferreira convocou então o delegado-geral, Domingos de Paulo Neto, que repassou a tarefa de investigar a quadrilha responsável pela falsificação ao Demacro (Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo), unidade responsável pelos distritos da Grande São Paulo.
"Vamos verificar a assinatura falsa do escrevente, a falsificação do selo e a da assinatura. Não vamos apurar a quebra de sigilo, pois esse é um crime federal", afirmou o delegado Marcos Carneiro Lima, diretor do Demacro. A prioridade máxima dos investigadores é ouvir os contadores Ademir Estevam Cabral e Antônio Carlos Atella Ferreira. O primeiro teria encomendado as cópias de declarações de renda de Verônica e o outro figurava como procurador de Verônica na requisição entregue à delegacia a Receita em Santo André."Acreditamos que uma quadrilha de fraudadores esteja atuando na região", afirmou o Carneiro Lima.
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