quarta-feira, 6 de julho de 2011
Governo pagou R$ 14,4 milhões por internação de pacientes mortos
Auditoria identificou 9.000 casos de pagamentos indevidos em todo o país
.O governo federal gastou R$ 14,4 milhões para custear procedimentos de alta complexidade e internações de pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) que já estavam mortos.
Auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) identificou 9.000 casos de pagamentos indevidos em todo o país entre junho de 2007 e abril de 2010. Outros 860 procedimentos, referentes a pacientes que morreram durante a internação, foram pagos.
O relatório do TCU mostra que boa parte das hospitalizações ocorreu, mas em períodos distintos do informado no boleto de cobrança. A estratégia seria usada por administradores de hospitais para driblar o limite de reembolso mensal fixado pelo governo. Atingido o teto, eles empurravam as cobranças para o mês seguinte, alterando, assim, a data dos procedimentos.
Os casos somente foram identificados por causa da incoerência entre datas dos procedimentos e da morte dos pacientes. Por isso, o relator do processo, ministro José Jorge, alerta que o problema pode ser ainda maior, porque não são considerados dados de pacientes que sobreviveram.
- Existe uma clara possibilidade de que casos semelhantes tenham ocorrido, mas não detectados.
Hospitais apresentaram uma justificativa para a cobrança. Segundo eles, isso ocorreria em razão da entrega antecipada de medicamentos em locais distantes, onde a troca de informações é demorada. Isso faria com que, muitas vezes, a notícia da morte do paciente demorasse a chegar ao serviço de saúde.
- Essa justificativa pode explicar parte das ocorrências verificadas, mas não a sua totalidade.
Para ele, os dados reunidos na investigação feita mostram haver também casos pontuais em que há indícios de cobranças indevidas.
A diretora do departamento de regulação, avaliação e controle de sistema do Ministério da Saúde, Maria do Carmo, afirmou que as recomendações do TCU já são adotadas pela pasta.
- O sistema de AIH [autorização de internação hospitalar] é antigo. Criamos de forma sistemática amarras para evitar fraudes. Mas, como em todas as áreas, embora o sistema seja permanentemente aprimorado, há o componente humano, a criatividade das pessoas que estão dispostas a fraudar.
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