Pelo menos 29 criminosos participavam de quadrilha que clonava veículos
Doze membros de quadrilha de falsificação de documentos públicos, clonagem de veículos e roubo foram presos na manhã desta quarta-feira (19). Outros 14 participantes do bando serão indiciados pelos mesmos crimes. Pelo menos 29 pessoas participam da quadrilha que é alvo de investigação da polícia, através da operação “Clone” que durou seis meses de investigação.
De acordo com informações da polícia civil, três membros da quadrilha comandavam de dentro dos presídios de Cuiabá todo o processo que ocorria na região metropolitana da Capital.
Conforme os delegados, entre os envolvidos estão um servidor do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) e um servidor da Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz), que faziam todo o trabalho de pesquisa para localizar veículos com as mesmas características de carros roubados para serem clonados.
O delegado Wagner Bassi explicou que a senha do servidores permitiam acesso a informações de taxas e dados cadastrais do Detran, que eram repassados a quadrilha.
Na operação realizada em conjunto com a Polícia Militar, por meio do Comando Regional II, foram presas cinco pessoas em flagrante, entre elas um analista da Sefaz, encontrado com um revólver calibre 38 e um documento de registro de veículo em branco para ser falsificado. Ele foi autuado por crime de receptação e porte ilegal de arma de fogo, cuja pena dos crimes juntos não permite aplicação de fiança na delegacia.
Segundo ainda informações, em um dos pontos, na casa de um pessoa investigada, a polícia apreendeu documentos como CRLV em branco e outros falsificados, cédulas de RG em branco, CNH falsa, além de dois notebooks, um computador e duas impressoras matriciais semelhante a usada pelo Detran, sendo uma colorida onde era impresso a chancela da assinatura do documento. Os equipamentos eram usados para adulteração e falsificação de documentos.
O delegado disse que o resultado da operação foi positivo e agora vai trabalhar para pedir a prisão de todos os envolvidos.
Durante as investigações, a Polícia Civil identificou mudança no destino dos veículos subtraídos, que historicamente a maioria dos veículos roubados/furtados eram levados para países vizinhos, como o Paraguai e a Bolívia, onde eram trocados por entorpecentes, sendo este, em seguida, introduzido no Brasil alimentando assim o comércio ilícito de drogas. “Todavia, as investigações apontaram que os veículos, em grande parte, são ‘clonados’ e permanecem no Brasil”, finalizou o delegado Wagner Bassi.
A Justiça não concedeu ordem de prisão para os suspeitos, mas todos serão indiciados no inquérito policial.
O esquema
Conforme informações da polícia civil, o esquema funcionava da seguinte forma: o veículo é roubado ou furtado. A quadrilha entra em contato com o articulador do esquema e informa os dados do automóvel. Em seguida o articulador, com informações privilegiadas dentro do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) e Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz), obtinha dados de veículos idênticos e com situação de regular.
Na sequência, o articulador entrava em contato com despachantes que providenciavam documentos dos veículos, através de falsificação ou segunda via junto ao Detran. O articulador também providenciava a adulteração do chassi com criminosos especializados e encomendava placas do veículo lícito e uma vez instalado, o veículo era vendido como se fosse regular ou “finan” – quando o veículo é vendido como se tivesse apenas restrição financeira e o comprador circula livremente.
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