Leia a entrevista ao El País, do prefeito do Rio de Janeiro, o amigão da Dilma, Eduardo Paes (PMDB) e tire as suas prórpias conclusões:
O Rio de Janeiro vive um momento turbulento a poucos dias do início daCopa do Mundo. Diante da possibilidade de novos surtos de violência, 20.000 homens patrulham as ruas da cidade, desde a turística Copacabana até as favelas mais problemáticas do Complexo do Alemão, na periferia do Rio. A reforma do aeroporto internacional Antonio Carlos Jobim não estará finalizada para o evento mundial e os índices de criminalidade cresceram de forma preocupante nos últimos meses, segundo o Instituto de Segurança Pública do Rio.
A população também não parece estar especialmente entusiasmada com a chegada do Mundial e a maioria dos cariocas critica a forma como as autoridades organizaram o evento.
Em meio a tudo isso, o prefeito da cidade mais turística do Brasil, Eduardo Paes, nega quase tudo isso em um encontro com um reduzido grupo de correspondentes estrangeiros e garante que a Copa do Mundo será um sucesso.
Longe de usar um tom auto-crítico, Paes atribui a alguns dos países participantes do torneio o tamanho dos dispositivos de segurança: "Vamos ter um evento grande, com muitos chefes de Estado e seleções nacionais que podem sofrer atentados pelo que seus países fazem no mundo". "A diplomacia brasileira não pratica a ocupação", continua, "e o Brasil não invade países. Aqui temos representantes dos EUA e da Rússia, países contraditórios no cenário internacional", afirma.
A imprensa internacional tem sido implacável com o Brasil nos últimos meses;
principalmente com a gastança milionária em estádios que terão poucos usos quando os fogos de artifício do Mundial forem apagados.
"Quando se decidiu que teríamos doze estádios, pensei que fosse um erro. Certamente que danificou nossa imagem não termos conseguido entregá-los a tempo", admite o prefeito. "O Brasil não é um país tão bom quanto se dizia há três anos e nem é um país tão defeituoso quanto falam que somos agora. Temos uma democracia consolidada, nossa economia funciona, a taxa de desemprego no Rio é de 5%, o que quase representa pleno emprego. O que acontece é que não escondemos nossos problemas nesta cidade", acrescenta.
Paes, descendente de espanhóis, reforça o mantra de que é injusto comparar o Rio com outras cidades europeias que receberam grandes eventos esportivos, como Londres. "Temos que comparar o Rio com o Rio. Londres tem metrô há mais de cem anos, tem mais infraestrutura e está em outro nível de desenvolvimento."
Não são poucos os analistas que alertaram sobre o processo de gentrificação pelo qual passa o Rio há anos. Os desenvolvimentos de favelas em volta de instalações esportivas, como no estádio do Maracanã ou no futuro parque olímpico, abriram feridas que continuam apodrecendo. "Não existe nenhum exemplo no mundo de cidade que melhorou e que não teve que enfrentar esse tipo de crítica. Nós também estamos enfrentando."
Quando se toca no sempre delicado assunto dos protestos populares, que em muitos casos pedem um maior compromisso do Estado com políticas importantes como a educação ou a saúde, em detrimento do milionário investimento realizado na Copa, Paes assegura que as manifestações são um sintoma claro de saúde democrática.
E acrescenta: "O que a educação tem a ver com a Copa do Mundo? O Brasil é um país capaz de organizar um Mundial e uma Olimpíada e oferecer ao mesmo tempo uma educação de qualidade. Se não temos uma boa educação, é por outros motivos (não por causa do Mundial)".
PACIFICAÇÃO E UPP´S
A estratégia de pacificação das favelas do Rio em 2008 permitiu que nos anos seguintes os índices de criminalidade caíssem expressivamente, mas durante os últimos meses, a tendência inverteu-se e alguns crimes, como roubos, voltaram a crescer, segundo alguns dados. "Temos que comparar com o que a cidade era há cinco anos para entendermos que a criminalidade caiu. A cidade hoje é muito mais segura. Mas isso não é uma questão de turismo, mas que afeta a vida cotidiana dos nossos cidadãos", insiste Paes, antes de voltar a atacar a imprensa crítica de alguns países: "Aqui não temos terrorismo nem ameaças de bombas que existem em outros países considerados desenvolvidos". Então, vocês fizeram algo de errado nos últimos anos? "Tivemos um problema de comunicação. No Brasil, tratamos a Copa como se ela fosse a razão dos nosso problemas, e ela não é". (Fonte: El País).
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