quinta-feira, 15 de setembro de 2011

As crises que atingiram o governo Dilma

Com a demissão de Pedro Novais nesta quarta-feira, sobe para cinco o número de ministros que deixam o governo Dilma Rousseff em apenas 9 meses.


 


 








Três deles são do PMDB, partido do vice-presidente Michel Temer.


Dilma aceita demissão de ministro do Turismo

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Ministro pagou governanta com verba pública por 7 anos

Ministro do Turismo usa servidor público como motorista da mulher



TURISMO



Ex-ministro do Turismo Pedro Novais (PMDB)

A situação de Novais ficou insustentável no Planalto e dentro de seu próprio partido depois de duas revelações da Folha: a de que ele pagou com dinheiro público o salário de sua governanta por sete anos e a de que sua mulher usa irregularmente um funcionário da Câmara dos Deputados como motorista particular.

Ele estava em situação delicada desde o começo de agosto quando uma operação da Polícia Federal prendeu 35 pessoas, incluindo o então secretário-executivo do Ministério do Turismo, Frederico Costa.

Logo após a sua nomeação, em dezembro de 2010, o jornal "O Estado de S. Paulo" revelou que Novais usou R$ 2.156 da sua cota parlamentar para pagar despesas de um motel em São Luís, em junho do ano passado.

No mesmo mês, a Folha mostrou que Novais foi flagrado em escutas da Polícia Federal pedindo ao empresário Fernando Sarney que beneficiasse um aliado na Justiça Federal.

AGRICULTURA


 Ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi (PMDB)

No dia 17 de agosto, o então ministro da Agricultura, Wagner Rossi (PMDB), pediu demissão, atingido por uma onda de acusações que apontou pagamento de propinas, influência de lobistas e aparelhamento político em sua gestão no ministério. Foi substituído por Mendes Ribeiro (PMDB).

Os problemas do ministério começaram quando o ex-diretor financeiro da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Oscar Jucá Neto, irmão do líder no governo no Senado, Romero Jucá (PMDB), afirmar que havia "bandidos" no órgão e sugerir que Rossi participava de esquemas de corrupção.

Após nova reportagem da revista "Veja", desta vez sobre a atuação de um lobista no ministério, o então secretário-executivo da pasta, Milton Ortolan, pediu demissão do cargo.

A situação do ministro se agravou após Israel Leonardo Batista, ex-chefe da comissão de licitação da Agricultura, afirmar em entrevista à Folha que o Ministério da Agricultura foi "corrompido" após a chegada de Wagner Rossi à pasta. Segundo Batista, o ministro colocou pessoas no assinar o que não devem".

Outra acusação que atingiu o ministro foi a revelação, pelo jornal "Correio Braziliense", de que Rossi e um de seus filhos, o deputado estadual Baleia Rossi (PMDB-SP), viajaram várias vezes em um jatinho pertencente a uma empresa de agronegócios. Ele admitiu ter pegado carona no avião.


DEFESA



Ex-ministro da Defesa Nelson Jobim (PMDB)


A queda de Nelson Jobim (PMDB) do Ministério da Defesa, ocorreu no dia 4 de agosto, após desavenças com Dilma e declarações de que havia votado em José Serra (PSDB) na eleições presidenciais. Foi substituído por Celso Amorim.

A situação piorou após Jobim dizer, à revista "Piauí" a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) é "fraquinha" e que Gleisi Hoffmann (Casa Civil) "sequer conhece Brasília".

Antes, Jobim também causou constrangimento ao Planalto, na solenidade de homenagem ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Na ocasião, disse ser preciso tolerar a convivência com "idiotas", que "escrevem para o esquecimento". Ele explicou que se referia a jornalistas, mas petistas entenderam como recado ao governo.

TRANSPORTES



Ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento (PR)

Em 6 de julho, foi a vez de Alfredo Nascimento (PR) se demitir dos Transportes no dia 6 de julho, após ter seu nome envolvido em um escândalo de superfaturamento de obras e recebimento de propina envolvendo servidores e órgãos. Foi substituído por Paulo Sérgio Passos (PR).

A crise começou com revelação pela revista "Veja" de suposto esquema que envolvia dois assessores diretos do então ministro. O ex-diretor-geral do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), Luiz Antonio Pagot, e o ex-diretor-presidente da Valec (estatal de obras ferroviárias), José Francisco das Neves, também foram citados.

Segundo a revista, o esquema seria coordenado pelo secretário-geral do PR, Valdemar Costa Neto, e renderia ao partido até 5% do valor dos contratos firmados pela pasta e sob a gestão do Dnit e da Valec. Costa Neto não tem cargo na estrutura federal.

A crise se intensificou com reportagem do jornal "O Globo" revelando que o patrimônio do filho do ministro, Gustavo Morais Pereira, cresceu 86.500% em dois anos. O caso é investigado pelo Ministério Público Federal do Amazonas.


RELAÇÕES INSTITUCIONAIS



Ministros Luíz Sergio e Ideli Salvati


No dia 10 de junho, Dilma fez uma troca entre os ministros Ideli Salvatti e Luiz Sérgio. Ela deixou a Secretaria de Pesca e assumiu a Relações Institucionais, enquanto ele fez o caminho contrário.

A troca aconteceu após longo processo de fritura de Sérgio. Na prática, a articulação política vinha sendo feita por Palocci.

Com a substituição de Palocci por Gleisi Hoffmann em uma Casa Civil menos política e mais gestora, como queria Dilma, grupos do PT passaram a fazer abertamente forte pressão pela troca do petista.

Embora Dilma tivesse demonstrado contrariedade com o processo de fritura, Sérgio disse que a situação ficou insustentável e decidiu pedir demissão.
Na sua breve passagem pela Relações Institucionais, Luiz Sérgio não conseguiu fazer a interlocução do governo com os partidos e com a base aliada, chegando a ser apelidado, ironicamente, de "garçom" --pois só anotava os pedidos.


CASA CIVIL



Ex-ministro da Casa Civil Antonio Palocci (PT)

O primeiro ministro a deixar o governo, em 7 de junho, foi Antonio Palocci (PT). Gleisi Hoffmann (PT-PR) substituiu Palocci.

Após 23 dias de crise, ele entregou o cargo a presidente depois de a Folha revelar que o ministro multiplicou seu patrimônio por 20 entre 2006 e 2010, quando ele foi deputado federal e manteve, paralelamente, uma consultoria privada.

A Projeto, empresa aberta por Palocci em 2006 --quando afirmou ter patrimônio de R$ 356 mil-- também comprou, em 2009 e 2010, imóveis em região nobre de São Paulo no valor total de R$ 7,5 milhões.

Palocci afirmou que não revelou sua lista de clientes a Dilma, atribuiu as acusações a ele a uma "luta política" e disse que ninguém provou qualquer irregularidade na sua atuação com a consultoria Projeto

Foi a segunda vez que Palocci deixou o governo após um escândalo --em 2006 deixou o Ministério da Fazenda após suspeitas de ter quebrado o sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa


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