Estudo do IBGE também apontou que pais separados estão dividindo mais o cuidado com os filhos, na chamada "guarda compartilhada"
Entre os pedidos de divórcio em 2010, metade era de casais sem filhos. Em 75% dos casos, a decisão de terminar a relação foi de ambos
Com duas ex-mulheres e um filho de cada uma, o ator Marcello Novaes, 49 anos, não poupa tempo nem energia para participar ativamente da vida das duas famílias que constituiu. "O casamento acaba, mas a família continua", costuma dizer. Da união de 6 anos com a atriz Letícia Spiller, nasceu Pedro, hoje com 14 anos. De um casamento anterior, Diogo, de 16. A situação de Marcello demonstra bem o perfil das novas famílias brasileiras, retratado na última Estatística de Registro Civil, divulgada nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o estudo, a responsabilidade pelos filhos do casal divorciado está, aos poucos, passando a ser dividida com os homens, mostrando um início de mudança de mentalidade, numa sociedade que sempre colocou a mulher no papel de responsável prioritária pelas crianças. Os dados do IBGE mostram que o percentual de pessoas que optaram pela guarda compatilhada quase dobrou nos últimos 10 anos. A maior proporção está em Salvador (BA), onde 46,5% dos filhos de casais separados estão “sob responsabilidade de pai e mãe”.
"A responsabilidade pela criação deve ser dos dois”, acredita Marcello. “É muito importante a presença e a participação do pai e da mãe. Sou amigo das minhas ex-mulheres, moramos perto e estou sempre com meus filhos". Para o ator, é a preocupação com o bem estar das crianças que tem feito os casais em vias de separação optarem pela guarda compartilhada. Os dados do IBGE também revelam que, dos 243.224 divórcios registrados em 2010, quase metade eram de casais sem filhos. Enquanto que entre os casais com filhos menores de idade, o percentual de divórcios caiu de 52% para 30% nos últimos 10 anos.
Marca histórica - As facilidades para obter o divórcio a partir de 2007 fizeram a taxa de registros disparar e chegar ao maior índice em 2010: 1,8 por 1.000 habitantes. Porém, há menos brigas na Justiça na hora da separação – três de cada quatro pedidos de divórcio foram consensuais. Nos pedidos não-consensuais, tanto no caso de divórcios como de separações, foram as mulheres que tomaram a iniciativa em mais de 50% dos casos. Em média, os casamentos que chegaram ao fim em 2010 tinham 16 anos de duração.
Pela mesma razão, a taxa de separações despencou e chegou ao valor mais baixo da série histórica, calculada desde 1984: 0,5 por 1.000 habitantes, num total de 67.623. Vale lembrar que só com o divórcio a pessoa pode voltar a se casar legalmente. A separação apenas formaliza a vontade do casal de não viver mais junto e os isenta das responsabilidades legais do matrimônio.
No mesmo ano em que houve a maior taxa de divórcio também foi registrado um aumento de 4,5% no número de casamentos. O curioso é que foram justamente aqueles que já haviam pisado no altar que ajudaram a engrossar essa estatística. Apesar de ainda predominarem os casamentos entre solteiros, é constante o crescimento no número de divorciados e viúvos que dão uma nova chance ao amor. Os "recasamentos" representaram 18,3% do total das uniões formalizadas em 2010 – há 10 anos eram pouco mais de 10%. Rio de Janeiro e São Paulo encabeçam a lista de estados onde há mais uniões entre divorciados.
Maternidade - O IBGE constatou no ano passado 2,7 milhões de registros de nascimentos em cartório, menor valor absoluto na última década. As mulheres têm deixado a maternidade em segundo plano, fato comprovado pelo aumento do número de mães entre 30 e 34 anos e a redução na faixa etária de 15 a 19 anos. Com o adiamento do desejo de ser mãe, elas também não têm mostrado muita pressa em se casar. Na última década, a taxa de nupcialidade usada pelo IBGE para medir o número de casamentos por faixa etária dobrou nos intervalos de idade entre 25 e 49 anos
Nenhum comentário:
Postar um comentário