Dois prefeitos e um ex-prefeito da Bahia são denunciados pelo MPF por uso indevido de verba da educação
Gestores são de Candeal e América Dourada. Ex-prefeito é de Castro Alves.
Dois
prefeitos e um ex-prefeito de cidades baianas são denunciados em ações
de improbidade administrativas ajuizadas no fim do mês de abril pelo
procurador da República Marcos André Carneiro Silva, do Ministério
Público Federal da cidade de Feira de Santana. Juntos, os gestores são
acusados de aplicar de forma irregular parte dos R$ 15,6 milhões da
verba do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) entre os anos de 2008
e 2009.
O
procurador pede à Justiça que os acusados devolvam soma estimada de R$
1,1 milhão aos cofres públicos e tenham seus direitos políticos
suspensos. Além disso, está previsto que eles sejam proibidos de
contratar o poder público e receber benefícios e incentivos também de
fonte pública.
Os
denunciados nas ações são José Rufino Ribeiro Tavares Bisneto, da cidade
do Candeal; Agnaldo Oliveira Lopes, de América Dourada; o município e o
ex-prefeito de Castro Alves, Augusto Pontes de Carvalho.
Segundo o
MPF, o R$ 1,1 milhão, do total de R$ 15,6 milhões repassados às cidades,
não foi usado no setor de Educação e serviu para custear, por exemplo,
bandas musicais para apresentação em festas juninas ou para garantir o
material de divulgação dos festejos.
O MPF
exemplifica que, na cidade de Candeal, dos R$ 2,3 milhões do Fundeb, R$
637 mil foram usados para pagar diárias, hospedagem, transporte e
refeições de viagens oficiais, entre outros gastos incompatíveis ao
fundo. Na cidade de América Dourada, foram destinados R$ 5,9 milhões ao
fundo e, do total, R$ 165 mil foram aplicados em aquisição de
mercadorias para conservação do Clube Municipal de Cultura, locação de
palco, além de som, show pirotécnico e contratação de bandas para
revéillon e festas juninas.
Segundo o
MPF, tais atitudes comuns aos dois atuais gestores e ao ex-prefeito
ocorrem "em total desrespeito à legislação" e trazem "prejuízos
financeiros aos docentes". No caso de Candeal e Castro Alves, menos de
60% foram destinados à remuneração dos profissionais do magistério da
educação básica - 54,23% e 55,86%, respectivamente.
O órgão
apona que, de acordo com o artigo 22, da Lei n°11.494/2007, 60% dos
recursos do Fundeb devem ser repassados à remuneração de profissionais
do magistério da educação básica em exercício na rede pública. O
procurador enfatiza, em suas ações, que os recursos do Fundeb são para
uso exclusivo na educação.
Entretanto,
o advogado do gestor, Raul Carvalho, informou que o prefeito José
Rufino Ribeiro não havia sido notificado pelo órgão. Segundo ele, quando
a defesa tomar conhecimento do caso irá contestar a ação do MPF.
Já o
prefeito de América Dourada, Agnaldo Oliveira Lopes, descredibiliza a
denúncia e afirma que foi fiscalizado duas vezes no ano de 2011 pela
Controladoria Geral da União. Segundo ele, a Controladoria não apontou
nenhuma irregularidade nos recursos do Fundeb. "Não acredito em hipótese
alguma que os funcionários da contabilidade tenham feito uma coisa
dessas. Pode ser que tenha uma falha, mas ainda assim não acredito".
Na prefeitura de Castro Alves, ninguém foi encontrado para comentar o assunto na tarde desta segunda-feira (7), pois o expediente se encerra às 13h, informou um segurança da prefeitura.
Na prefeitura de Castro Alves, ninguém foi encontrado para comentar o assunto na tarde desta segunda-feira (7), pois o expediente se encerra às 13h, informou um segurança da prefeitura.
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